«Duas razões me levaram, mais ou menos conscientemente, a escrever um diário: em primeiro lugar, a circunstância de ter saído do meu país para viver nesta ilha distante; em segundo lugar, a necessidade, que nunca experimentara antes, de “reter” o tempo, de o obrigar, por assim dizer, a deixar o maior número possível de sinais da sua passagem.
"Cadernos de Lanzarote" é como uma longa carta enviada àqueles que ficaram no outro lado, mas é também um modo de fingir prolongar a vida por uma obstinada “escrituração” dos dias.
Os "Cadernos" não são um laboratório, embora não faltem neles reflexões sobre o “fazer” literário; não são um registo dos casos do mundo, embora abundem os comentários sobre a atualidade; não são uma coleção de dados para uma futura biografia, embora vão dizendo o que faço e o que penso. Como todo o diário , os "Cadernos de Lanzarote" são um exercício narcisista, mas, contra o que geralmente se crê, Narciso nem sempre gosta do que vê no espelho em que se contempla…»
«Duas razões me levaram, mais ou menos conscientemente, a escrever um diário: em primeiro lugar, a circunstância de ter saído do meu país para viver nesta ilha distante; em segundo lugar, a necessidade, que nunca experimentara antes, de “reter” o tempo, de o obrigar, por assim dizer, a deixar o maior número possível de sinais da sua passagem.
"Cadernos de Lanzarote" é como uma longa carta enviada àqueles que ficaram no outro lado, mas é também um modo de fingir prolongar a vida por uma obstinada “escrituração” dos dias.
Os "Cadernos" não são um laboratório, embora não faltem neles reflexões sobre o “fazer” literário; não são um registo dos casos do mundo, embora abundem os comentários sobre a atualidade; não são uma coleção de dados para uma futura biografia, embora vão dizendo o que faço e o que penso. Como todo o diário , os "Cadernos de Lanzarote" são um exercício narcisista, mas, contra o que geralmente se crê, Narciso nem sempre gosta do que vê no espelho em que se contempla…»