À sombra da modernidade: Ensaios sobre antimodernos

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De modo geral, e a despeito de suas recorrentes confrontações, as diferentes comunidades teóricas e os intérpretes da cultura dificilmente discordam entre si acerca da natureza agonística da modernidade. As possíveis convergências, porém, terminam aí; pois de imediato surge uma série de questões concernentes ao real sentido e direção de nossa condição histórica. No entanto, todas as possíveis respostas ou tentativas de esclarecimento exigem uma postura existencial e conformação a certos princípios que, não raro, permeiam a totalidade da experiência individual e comunitária. À vista disso, cabem as indagações: o mundo moderno seria apenas o desdobramento de erros teóricos primordiais, como querem reacionários ou fundamentalistas, isto é, seria um equívoco passível de refutação e correção? Ou seria, antes, uma marcha da luz, um progresso que seria ininterrupto, caso não fosse perturbado por grupos isolados que não querem a emancipação humana? Ou ainda haveria, no seio do próprio mundo moderno, uma contracorrente, uma força subterrânea pensando de forma autocrítica a modernidade? Destas dinâmicas proviriam, talvez, as constantes “crises” que marcam o mundo moderno – crises que o abalam, mas de certo modo também o purgam. Assim, embora possivelmente fosse mais acertado falarmos antes de uma metafísica do que de uma ideologia antimoderna, já que os posicionamentos dos autores analisados nesta obra buscam precisamente uma transcendência em relação à gramática política da modernidade, é certo que, cada um deles, à sua maneira, trabalhou em torno de uma constelação imagética que lhe serviu de matriz de ideias e de base programática para sua resistência à modernidade.