Augusto Comte é um nome que jamais será omitido na história da filosofia ocidental. Escritor francês, autor de sucessivos livros que demonstram amor e cultivo da língua pátria, admirados adrede em todo o mundo sábio pela clareza expositiva e pela certeza didática, propôs-se, neste modesto livrinho, fundar a ciência política, teórica e prática, estática e dinâmica. Embora fosse ainda relativamente jovem, pois só atingiria a plena maturidade ou madureza intelectual em 1820, havia já lido e estudado as obras magistrais de Aristóteles, Maquiavel e Bossuet, precursores da nova ciência, mas detém-se a criticar explicitamente os livros de Montesquieu e Condorcet, apoiando-se na lei histórico-filosófica dos três estados por que tem passado a civilização da humanidade. Um sistema social em extinção; um novo sistema chegado à maturação, e que tende agora a constituir-se: eis o carácter fundamental destinado à época actual para a marcha geral da civilização. Em conformidade com este estado de coisas, dois movimentos de diferente natureza agitam hoje a sociedade: um de desorganização, outro de reorganização. No primeiro, considerado isoladamente, a sociedade é arrastada para uma profunda anarquia moral e política que parece ameaçá-la de uma próxima e inevitável dissolução. No segundo, a sociedade é conduzida para o estado definitivo da espécie humana, aquele que mais convém à sua natureza, aquele em que todos os seus meios de prosperidade devem merecer o mais inteiro desenvolvimento e a sua aplicação mais directa. É na coexistência destas duas tendências opostas que consiste a grande crise experimentada pelas nações mais civilizadas. É sob este duplo aspecto que a crise deve ser encarada para ser, afinal, compreendida.
Augusto Comte é um nome que jamais será omitido na história da filosofia ocidental. Escritor francês, autor de sucessivos livros que demonstram amor e cultivo da língua pátria, admirados adrede em todo o mundo sábio pela clareza expositiva e pela certeza didática, propôs-se, neste modesto livrinho, fundar a ciência política, teórica e prática, estática e dinâmica. Embora fosse ainda relativamente jovem, pois só atingiria a plena maturidade ou madureza intelectual em 1820, havia já lido e estudado as obras magistrais de Aristóteles, Maquiavel e Bossuet, precursores da nova ciência, mas detém-se a criticar explicitamente os livros de Montesquieu e Condorcet, apoiando-se na lei histórico-filosófica dos três estados por que tem passado a civilização da humanidade. Um sistema social em extinção; um novo sistema chegado à maturação, e que tende agora a constituir-se: eis o carácter fundamental destinado à época actual para a marcha geral da civilização. Em conformidade com este estado de coisas, dois movimentos de diferente natureza agitam hoje a sociedade: um de desorganização, outro de reorganização. No primeiro, considerado isoladamente, a sociedade é arrastada para uma profunda anarquia moral e política que parece ameaçá-la de uma próxima e inevitável dissolução. No segundo, a sociedade é conduzida para o estado definitivo da espécie humana, aquele que mais convém à sua natureza, aquele em que todos os seus meios de prosperidade devem merecer o mais inteiro desenvolvimento e a sua aplicação mais directa. É na coexistência destas duas tendências opostas que consiste a grande crise experimentada pelas nações mais civilizadas. É sob este duplo aspecto que a crise deve ser encarada para ser, afinal, compreendida.