«Tem um cigarro? Só vou por dinheiro. E quanto? Cem. E o que faz? Tudo. Fica o desconhecido a meu lado, liberta a sua proximidade: um cheiro sujo, a aguardente, a merda. Tira devagar um espelho da bolsa, olha-se nele, sorri e pergunta: não pareço uma mulher? Fixo obstinadamente o pára-brisas e choro, um choro tão interior que toda a voz é solúvel...»
Assim se assume, na escrita e na fracção de vida que nos conta, quem em monólogo dolorido se dissemina pelas páginas desta confissão cerzida de iluminações, da autoria de Rui Nunes, um escritor que, face ao interdito, opta pela verdade perfurante, de ganga azul aberta, descobrindo o encoberto num «país recatado onde as palavras desiludem antes das pessoas terem tempo de as pensar.» Violenta no dizer, corporeamente interseccionada , esta lúcida palavra aberta exige que se beba uma cerveja no inferno.
«Tem um cigarro? Só vou por dinheiro. E quanto? Cem. E o que faz? Tudo. Fica o desconhecido a meu lado, liberta a sua proximidade: um cheiro sujo, a aguardente, a merda. Tira devagar um espelho da bolsa, olha-se nele, sorri e pergunta: não pareço uma mulher? Fixo obstinadamente o pára-brisas e choro, um choro tão interior que toda a voz é solúvel...»
Assim se assume, na escrita e na fracção de vida que nos conta, quem em monólogo dolorido se dissemina pelas páginas desta confissão cerzida de iluminações, da autoria de Rui Nunes, um escritor que, face ao interdito, opta pela verdade perfurante, de ganga azul aberta, descobrindo o encoberto num «país recatado onde as palavras desiludem antes das pessoas terem tempo de as pensar.» Violenta no dizer, corporeamente interseccionada , esta lúcida palavra aberta exige que se beba uma cerveja no inferno.