« Almada e o Número foi o livro que marcou o meu “baptismo” de geometria simbólica ou sagrada, como se diz de um "baptismo de fogo”. Foi escrito no Verão de 1974 para inaugurar a actividade de uma nova editora, que nunca chegou a sê-lo, interrompida logo à nascença pela “revolução dos cravos”. Se para Almada Negreiros enquanto geómetra pitagorizante tudo começou com os Painéis atribuídos a Nuno Gonçalves e com a decisão de, por eles, "ir ao encontro do cânone", para mim foi com a decisão de escrever uma introdução à questão dos traçados geométricos em Almada Negreiros que se iniciou, há mais de três lustros, a demanda do "Número", ou mais propriamente da "Figura" - "número" e "figura" que representam, emblematicamente, o que podemos classificar de segredo último da arte e chave da consciência mais alta e intercessora, ligando o que está em cima ao que está em baixo e o que está em baixo ao que está em cima, o homem à sua essência, a obra à sua função sacralizante. Com efeito dizer "número" ou "figura" é dizer "encarnação", pois trata-se de encontrar em linguagem - sinais, esquemas, traçados, números, palavras - a equivalência do que, por essência, está fora ou para além de todas as linguagens.»
« Almada e o Número foi o livro que marcou o meu “baptismo” de geometria simbólica ou sagrada, como se diz de um "baptismo de fogo”. Foi escrito no Verão de 1974 para inaugurar a actividade de uma nova editora, que nunca chegou a sê-lo, interrompida logo à nascença pela “revolução dos cravos”. Se para Almada Negreiros enquanto geómetra pitagorizante tudo começou com os Painéis atribuídos a Nuno Gonçalves e com a decisão de, por eles, "ir ao encontro do cânone", para mim foi com a decisão de escrever uma introdução à questão dos traçados geométricos em Almada Negreiros que se iniciou, há mais de três lustros, a demanda do "Número", ou mais propriamente da "Figura" - "número" e "figura" que representam, emblematicamente, o que podemos classificar de segredo último da arte e chave da consciência mais alta e intercessora, ligando o que está em cima ao que está em baixo e o que está em baixo ao que está em cima, o homem à sua essência, a obra à sua função sacralizante. Com efeito dizer "número" ou "figura" é dizer "encarnação", pois trata-se de encontrar em linguagem - sinais, esquemas, traçados, números, palavras - a equivalência do que, por essência, está fora ou para além de todas as linguagens.»