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O Resto já Devem Conhecer do Cinema - Manual de Leitura

O Resto já Devem Conhecer do Cinema - Manual de Leitura

Fernado Mora Ramos
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Entramos no último quadrimestre da temporada 2018-19 nas asas de Martin Crimp, um extraordinário dramaturgo contemporâneo. Crimp regressou à Antiguidade Clássica para reescrever 'Fenícias', de Eurípides, mas 'O Resto Já Devem Conhecer do Cinema' não é uma operação de resgate cultural ou tão-pouco um ato de nostalgia. Num gesto largo e poderoso, Crimp convocou diferentes tempos e linguagens, o arcaico e o hipertecnológico, as portas de Tebas e os portais da Internet, a agulha quente que cegou Édipo e a agulha na célula humana à procura do código genético. Digamos que o assunto aqui é a memória, a memória do mundo e a memória do teatro, o que precisamos de esquecer e o que precisamos de relembrar para seguir em frente, a incapacidade de dividir o poder, a persistência do mal, a necessidade da política. Os encenadores Nuno Carinhas e Fernando Mora Ramos colocaram a peça num lugar metálico, tão duro, brilhante e cortante quanto as palavras do dramaturgo inglês. Uma paisagem industrial que é afinal um anfiteatro, espaço por excelência da “grega inquietação”, onde vivem as imagens que se dizem e não as imagens que se mostram, teatro da palavra e da pergunta. Diz Antígona: “Pára de me fazer perguntas!” Diz Édipo: “Que mal há em fazer-te perguntas?”
Language
Portuguese
Pages
98
Format
Paperback
Publisher
Teatro Nacional de São João
Release
April 01, 2019

O Resto já Devem Conhecer do Cinema - Manual de Leitura

Fernado Mora Ramos
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Entramos no último quadrimestre da temporada 2018-19 nas asas de Martin Crimp, um extraordinário dramaturgo contemporâneo. Crimp regressou à Antiguidade Clássica para reescrever 'Fenícias', de Eurípides, mas 'O Resto Já Devem Conhecer do Cinema' não é uma operação de resgate cultural ou tão-pouco um ato de nostalgia. Num gesto largo e poderoso, Crimp convocou diferentes tempos e linguagens, o arcaico e o hipertecnológico, as portas de Tebas e os portais da Internet, a agulha quente que cegou Édipo e a agulha na célula humana à procura do código genético. Digamos que o assunto aqui é a memória, a memória do mundo e a memória do teatro, o que precisamos de esquecer e o que precisamos de relembrar para seguir em frente, a incapacidade de dividir o poder, a persistência do mal, a necessidade da política. Os encenadores Nuno Carinhas e Fernando Mora Ramos colocaram a peça num lugar metálico, tão duro, brilhante e cortante quanto as palavras do dramaturgo inglês. Uma paisagem industrial que é afinal um anfiteatro, espaço por excelência da “grega inquietação”, onde vivem as imagens que se dizem e não as imagens que se mostram, teatro da palavra e da pergunta. Diz Antígona: “Pára de me fazer perguntas!” Diz Édipo: “Que mal há em fazer-te perguntas?”
Language
Portuguese
Pages
98
Format
Paperback
Publisher
Teatro Nacional de São João
Release
April 01, 2019

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